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O presente artigo analisa o processo pedagógico da luta de gênero que ocorre dentro da luta pela terra a partir do protagonismo das mulheres trabalhadoras do campo. Com base na literatura da temática da educação, gênero e movimentos sociais e, a partir de extensa pesquisa de campo desenvolvida no Sul do Brasil com mulheres e homens do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e com o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), este estudo evidencia os principais elementos que contribuíram para o empoderamento das mulheres camponesas e a mutação das relações de gênero na luta pela terra. Ao examinar o impacto da intencionalidade socioeducativa na transformação das relações de gênero, argumenta-se que o saber social produzido na luta político-organizativa, a partir de uma leitura de classe e da influência da teoria feminista, promove a organização das mulheres camponesas em torno das demandas estratégicas de gênero comvistas ao enfrentamento das desigualdades e da subalternização da mulher. Evidencia-se, no entanto, que apesar de sua importância, este processo pedagógico que emerge na dinâmica da luta social não é o suficiente para a transformação das relações de gênero. Há a necessidade de leis e políticas afirmativas que garantam à mulher condições efetivas de participação política, econômica e social.