Evento: XVII Simpósio Nacional de Geografia Urbana
Lema/Tema: "A produção do urbano e a urgência da práxis transformadora: teorias, práticas e utopias em meio a um mundo convulsionado"
Data: De 11 a 15 de novembro de 2022
Local: Curitiba, Paraná - Brasil
O XVII Simpósio Nacional de Geografia Urbana, a ser realizado em 2022 em Curitiba/PR, parte das reflexões teórico-metodológicas sobre o urbano, realizadas ao longo dos 32 anos de Simpurb, e nos propõe a pensar “A produção do urbano e a urgência da práxis transformadora: teorias, práticas e utopias em meio a um mundo convulsionado”. Nesta edição, compreendemos um acirramento de contradições em diversas dimensões da realidade, seja em escala mundial com o fortalecimento de uma onda ultraconservadora, com o aprofundamento da crise de acumulação capitalista e a precariedade da reprodução da vida, ou em escala nacional com políticas de fixação de gastos públicos para saúde e educação, reformas trabalhistas e previdenciárias, ampliação da fronteira agrícola e influência dos proprietários de terras, a privatização de serviços públicos e de empresas estatais, dentre outros elementos.
Entretanto, surgem, crescem e avançam também os movimentos de resistência, levantes e manifestações populares, especialmente nas regiões periféricas, com pautas que emergem dessa convulsão: gênero, raça, trabalho, moradia, saúde, desemprego, sexualidade, cultura, arte e outros. São nesses campos de disputas e da produção de espaços de existência e resistência que multiplicam-se os estudos e discursos, em meio aos movimentos políticos, sociais, acadêmicos, para a construção de uma outra realidade. Eles evidenciam a necessidade de uma práxis transformadora, isto é, de orientar, dialeticamente, a prática cotidiana numa teoria científica e crítica de transformação e construir essa teoria a partir da realidade visível e palpável na sociedade urbana brasileira e no que podemos observar do mundo. A crise política vivida no Brasil acirra as contradições e reforça a urgência de um novo urbano.
Nesse sentido, buscamos dar continuidade às reflexões teórico-práticas sobre o urbano, explorando suas contradições, analisando os processos espaciais contemporâneos em uma perspectiva multidimensional/multiescalar, objetivando, ao mesmo tempo, englobar e revelar as várias facetas da vida no espaço urbano, as práticas socioculturais e suas implicações espaciais nas cidades brasileiras. Buscamos também reunir os pesquisadores e estudiosos das temáticas tratadas pela Geografia Urbana e pelas ciências afins com o propósito de fazer avançar o conhecimento científico sobre as cidades e os espaços urbanos a nível nacional, latino-americano e mundial, além de possibilitar e ampliar as discussões sobre a problemática urbana com grupos e movimentos sociais e desta forma construir novos horizontes teórico-metodológicos para a geografia urbana.
Valorizando a ciência por meio do fortalecimento do pensamento crítico, em um período em que o projeto hegemônico é de descredibilidade e deslegitimação da pesquisa, o XVII Simpurb busca refletir sobre essas e outras questões:
● Como se coloca, ou recoloca, a questão do Estado (necroestado, estado suicidário, hipercontrole social, hiper autoritarismo, governanças e políticas públicas urbanas neoliberais autoritárias etc.)?
● Como se posicionam ou se reposicionam os sujeitos sociais, os movimentos sociais, os movimentos urbanos, os novos e velhos ativismos e formas de luta diante dos novos desafios da sociedade brasileira, latino-americana e mundial? Como definir uma teoria e uma práxis transformadoras e anticapitalistas hoje?
● Como entender os elementos, mecanismos, espacialidades, dimensões, racionalidades, representações, sociabilidades e institucionalidades envolvidas na acumulação capitalista urbana atual?
● Quais são os projetos de reforma urbana e/ou de direito à cidade necessários na atualidade? Estas propostas abarcam questões fundamentais para a emancipação de todos os sujeitos, dentre eles mulheres, pretos e LGBTQI+? Nesse sentido, quais são os caminhos da teoria urbana?
● Quais as categorias de análise possíveis para realizar o restabelecimento da ciência geográfica pública e do desenvolvimento socioespacial urbano? Quais são os papéis dos estudos urbanos nas articulações das escalas dos territórios, dos lugares, do metropolitano, do latino-americano, do global?
● Quem são os sujeitos da produção e da reprodução do espaço urbano, quais as suas estratégias e os seus fundamentos e como eles se alteram ao longo do tempo?
Partindo desse universo de indagações, o XVII Simpurb tem como eixo central promover o diálogo e o debate das questões do urbano contemporâneo e de uma práxis transformadora, buscando, também, questionamentos sobre as utopias reais e concretas vislumbradas através das práticas sociais urbanas.