De 14 á 28 de Setembro de 2017, o Centro Terra Viva e o Land Portal vão facilitar a discussão com diferentes intervenientes sobre as Ferramentas e Estratégias para o Acesso e Participação Pública na Tomada de Decisões sobre a Terra” em Moçambique.
Introdução
A Lei de Terras completará a 1 de Outubro, 20 anos após a sua aprovação em 1997. Esta lei tem sido considerada como uma das mais progressivas particularmente dada a sua abordagem no que diz respeito à governação de terras.
A participação pública na tomada de decisão sobre a terra é um dos principais pilares da boa governação da terra. No entanto, a informação sobre a terra, que é mantida pelas instituições públicas não são facilmente acessível à maioria da população nacional, o que, por sua vez, limita a participação nos processos de tomada de decisão. Tal informação, não é sequer facilmente acessível a instituições públicas ou privadas.
Dados de relatórios e pesquisas realizados por organizações da Sociedade Civil e académicos indicam que a crescente pressão sobre a terra, incluindo a que é exercida por investidores estrangeiros, é exacerbada pela frágil base institucional pública, o que muitas vezes conduz a violação da lei, geralmente com prejuízo das comunidades locais que detêm direitos informais/não documentados à terra e outros recursos naturais. A invisibilidade dos direitos à terra rural, por falta de registro no cadastro nacional, combinado com a fraca preparação dos cidadãos para fazer uso da Lei e interagir com poderosas partes interessadas, é uma das causas dos actuais conflitos de terra.
Apesar de os princípios de participação pública na tomada de decisão sobre a terra terem sido extensivamente incorporados nos instrumentos legais, aspectos processuais que os iriam materializar, ainda necessitam de ser adequadamente adoptados para tomar em conta a realidade sócio-cultural da sociedade moçambicana. Os procedimentos actualmente adoptados, não consideram adequadamente os constrangimentos impostos pela iliteracia, impedimentos culturais e tradicionais que impedem a participação da mulher em processos públicos, assim como o peso da necessidade de se lidar com os extremos níveis de pobreza que afectam a maior parte da população rural e peri-urbana.
II. Objectivo
O objectivo deste debate é de colher pontos de vista e sugestões de especialistas em assuntos de terra e activistas ambientais, sobre como melhor assegurar uma maior, mais consistente e culturalmente ajustada, provisão de informação relevante relacionada com a terra e gestão de recursos naturais (incluindo informação sobre direitos à terra), que irá garantir a participação da maior parte da população nacional em decisões sobre a terra para o desenvolvimento rural.
Questões do Debate
- Que tipo de mecanismos de informação e participação cada um está interessado?
- Como é que avaliam os principais mecanismos de participação adoptados no país?
- Como é que a informação sobre a terra deverá ser canalizada às diferentes partes interessadas?
- Que mecanismos alternativos de participação/acesso a informação poderiam ser usados para expandir a actual cobertura e impacto?
- Como é que as diferentes partes interessadas estão (ou podem) contribuir para melhorar o acesso à informação sobre a terra e participação em processos de decisão sobre a terra?
- Quais sao os principais feitos e desafios enfrentados ao longos dos 20 anos da Lei de Terras em Moçambique (Lei 19/97, de 1 de Outubro)?