Nos quinze anos desde a sua criação, nós, da pequena, mas ágil equipe do Land Portal, tivemos que ser verdadeiramente abertos - abertos para acompanhar os avanços tecnológicos, abertos para crescer à medida que o movimento de dados abertos florescia e abertos para mudar de forma inesperada. Nosso compromisso sempre foi o de estar na vanguarda da criação, curadoria e disseminação de informações sobre governança de terras, promovendo um cenário de dados inclusivo e acessível, e isso exige flexibilidade. Em meio à infinidade de mudanças que ocorreram nesse período, como para tantas outras, a pandemia foi o ponto de virada, especificamente para mim e meus colegas da equipe de comunicações, quando se tratou de reconfigurar nossas noções preconcebidas do que significa incitar um debate saudável e frutífero sobre questões fundiárias.  

A pandemia desfez nossos conceitos de espaço, tanto pessoal quanto global, mas o que nossa equipe pequena, mas ágil, conseguiu fazer foi explorar o potencial não realizado que surge quando as fronteiras e os silos tradicionais, como os geográficos e espaciais, são quebrados. O que surgiu foi uma oportunidade de trazer aliados(as) improváveis para espaços virtuais comuns e coletivos - espaços que transcendem as fronteiras geográficas, permitindo uma participação mais ampla, uma maior variedade de perspectivas e uma colaboração mais inclusiva.  Foi durante esse período que plantamos as sementes de nossa série de webinários mais antiga, a série Diálogos da Terra. Essa série promove a centralidade dos direitos territoriais indígenas e comunitários no avanço dos esforços globais para deter a crise climática, alcançar um planeta saudável e levar adiante a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Ela se concentra na importância de reconhecer e garantir formalmente as terras consuetudinárias dos povos indígenas e das comunidades locais como uma contribuição crucial para a saúde climática geral do planeta. Outras séries de webinários notáveis que organizamos em consórcio com outros(as) parceiros(as) são a série de webinários ALIGN e a série de webinários Terra de quem? 

Hoje, a série Diálogos da Terra, cuja organização tenho o prazer de liderar com minhas e meus colegas do Tenure Facility, recebe uma média de 980 inscrições e 330 participantes ao vivo por webinário e é um programa exclusivo. Como a compreensão e o conhecimento não vêm depois de um webinário ou de um artigo, voltamos aos tópicos, convidando vozes conhecidas e novas para participar. Oferecemos apresentações previas que nos levam à COP, mas também acompanhamento para refinar nosso entendimento do que realmente aconteceu. Com isso, nos envolvemos em colaborações mais profundas com várias organizações com ideias semelhantes, do global ao local, como a Aliança Global de Comunidades Territoriais, o Programa de Povos da Floresta, a AMPB Mesoamérica, a AMAN na Indonésia, a Rede de Empoderamento de Mulheres Indígenas Endorois no Quênia, a Fepikecha no Peru e muitas outras.  

Ao longo dos anos, sentimo-nos honradas e honrados com a confiança que nos foi depositada por sermos um dos principais destinos de dados e informações sobre governança fundiária.  Com uma média de quase 80 mil visitas por mês, sendo 70% delas provenientes do Sul Global, nosso sucesso está em nossa capacidade de reunir um conjunto diversificado de provedores de informações e estimular conversas que capturam novas percepções e antecipam desafios. Além das visitas mensais que nossa plataforma recebe, o Land Portal tem quase 26 mil assinantes, dos quais 8.750 estão especificamente interessados em assuntos relacionados a Povos Indígenas e Comunidades Locais. Essas são as partes interessadas que sintonizam os Diálogos da Terra regularmente e acompanham as notícias relacionadas ao IPLC no Land Portal. 

Sempre me pergunto o que vem pela frente no que diz respeito ao crescimento da plataforma. Agora estamos trabalhando arduamente para transformar o público fiel e engajado dos Diálogos da Terra, bem como as outras discussões que promovemos, em comunidades de prática adequadas. Como equipe, construímos as bases para isso ao longo de muitos anos por meio de nossa transparência e dedicação em reunir públicos em torno de tópicos-chave de interesse, e planejamos fazer isso, em primeiro lugar, continuando a formar parcerias com organizações indígenas e lideradas pela comunidade local para que possamos continuar selecionando tópicos e áreas de interesse mais importantes. Embora, tecnicamente, seja responsabilidade de todos os membros de uma comunidade de prática manter a comunidade em funcionamento, aderimos firmemente ao ditado “nada sobre nós sem nós”. Não acreditamos apenas em uma participação significativa, acreditamos em uma liderança significativa por parte das e dos líderes indígenas e da comunidade local.