Foto: REUTERS/Matias Delacroix
Por Vinicius Blankenburg Cipriano M. da Silva
Com o passar dos anos e com o uso inadequado e desenfreado do solo, da água e da vegetação por meios antrópicos, os processos de desertificação e de degradação da terra vem afetando a qualidade de vida das populações e reduzindo a segurança alimentar.
O processo de desertificação é um fenômeno onde ocorre o empobrecimento e diminuição da umidade em solos arenosos, localizados em regiões de clima subúmido, árido e semiárido, sendo de difícil percepção a curto prazo pelas populações locais.
O solo é um bem essencial para a vida no planeta, servindo de habitat para inúmeras espécies e como excelente reservatório de água e de nutrientes. O solo, ao ficar estéril, acaba ficando sem a capacidade de manter qualquer tipo de vegetação e ciclo de vida no local. Com o cair da chuva, o solo vai ficando cada vez mais rareado, até ficar sem condições de uso e de sobrevivência da fauna e flora local, acelerando piorando este processo.
Existem diferentes casos de desertificação, devido ao seu local de origem e consequentemente ao clima da região. No caso dos desertos arenosos, origina-se a partir do empobrecimento do solo e consequente morte da vegetação, sendo substituída por terreno arenoso. No caso dos desertos polares, a causa evidente é a temperatura extremamente baixa daquelas regiões. Nas regiões semiáridas e semiúmidas secas, a ação humana intensifica os processos de desertificação.
O principal fator humano que influencia este processo se dá pelas atividades agropecuárias insustentáveis, sendo os principais processos responsáveis: salinização de solos por irrigação, o sobrepastoreio e o esgotamento do solo pela utilização intensiva e insustentável dos recursos hídricos por procedimentos intensivos e não adaptados às condições ambientais, e o manejo inadequado na agropecuária. Outro fator diretamente responsável são as queimadas utilizadas para a “limpeza” do solo, destruindo a microfauna, diversos microrganismos e os ciclos inorgânicos (ciclo do nitrogênio, ciclo do carbono etc.)
As consequências destas atividades geram grandes problemas sociais, econômicos e culturais. Em primeiro lugar, reduz a oferta de alimentos, já ambientalmente há o custo de recuperação da área ambiental degradada, redução e escassez total de recursos hídricos e a perda de espécies nativas vegetais e animais e na visão social, ocorre a migração da população, a pobreza, o desemprego e a violência.
O processo de desertificação abrange uma grande área em todo o mundo, afetando mais profundamente os territórios de países subdesenvolvidos. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente é o responsável por coordenar a Política Nacional de Combate à Desertificação, bem como coordenar a negociação e a implementação dos compromissos internacionais assumidos pelo Governo do Brasil relacionados ao tema. As ações do Ministério promovem soluções acessíveis e eficientes para a população impactada por esses processos, garantindo maior acesso à água, alimentos e aumento da produtividade da terra.
O Brasil faz parte da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD) desde 1998, e um dos avanços no País foi a adesão à Estratégia de Neutralidade da Degradação da Terra (LDN).
Atualmente, o MMA coordena a revisão do Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação, que consiste na implementação do combate à desertificação e degradação da terra no Brasil. Além disso, o Ministério também atua na transferência de tecnologias aos usuários da terra e na implementação de intervenções ambientais positivas.
Esta matéria foi originalmente publicada em Meio Ambiente Rio.