Possível de garimpo em terras indígenas abre porta para ataques à população local e ao aumento do desmatamento
No ano em que protestos contra a crise climática rodaram o mundo, da Suécia ao Afeganistão – tanto que a expressão "greve climática" foi nomeada pelo Collins English Dictionary a palavra de 2019 —, o governo brasileiro escolheu dar marcha a ré na política ambiental brasileira. Já não bastassem as tragédias ambientais que se acumulam, do derramamento de óleo no litoral do Nordeste aos incêndios na Amazônia e no Pantanal, o desmatamento e o presidente Jair Bolsonaro avançam contra nossos biomas.
Nesta semana, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou ao jornal O Globo que Bolsonaro cumprirá uma de suas mais absurdas promessas de campanha: dentro de 15 dias, enviará ao Congresso um projeto de lei para permitir o garimpo em terras indígenas. Ao desprotegê-las, o governo pode abrir a porteira não só para o ataque aos índios que resistam, mas também para o desmatamento na Amazônia. Isso porque os territórios indígenas são muito mais protegidos que o restante da região. Enquanto 20% da floresta brasileira foi desmatada nos últimos 40 anos, apenas 2% das florestas originais das terras indígenas na Amazônia foram destruídas.
Muitos garimpeiros são pobres trabalhadores em busca de um sustento. Com a crise econômica e a falta de vagas nas cidades, eles têm voltado a se aventurar em atividades ilegais em áreas preservadas. Bolsonaro, que herdou do pai o gosto pelo garimpo, se diz ao lado deles. Mas de forma alguma autorizar a atividade em terras indígenas é a solução.