Por Solano Ferreira
O Censo Agro realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitca) mostra que 19% das mulheres rurais se declaram proprietárias. O número ainda é pouco, mas representa avanço já que a atividade da mulher trabalhadora rural não era reconhecida no Brasil. Foi uma grande luta até que as próprias mulheres pudessem aceitar a condição. Elas se declaravam como donas de casa e isso as impediam de ter aposentadorias e outros benefícios pela condição de profissional do campo.
Mesmo que a documentação da terra esteja no nome do homem, a mulher que vive e trabalha na propriedade rural precisa se empoderar e se declarar como trabalhadora ou produtora rural não apenas para efeito previdenciário, mas para que assumam essa condição e busquem a definição do espaço feminino no campo.
Mais do que cuidar da casa, fazer as refeições e educar os filhos, a mulher rural tem vasta carga de trabalho. Produz na horta, na lavoura, na ordenha, planta e colhe o ano todo. E é assim desde a antiguidade, mesmo que somente agora se discuta a condição profissional.
Além do reconhecimento e empoderamento, as instituições sociais que atuam nessa política estão buscando mecanismos de valorização como linhas de crédito especiais e maior respeito à proprietária rural. À medida que os espaços são reconhecidos e valorizados, o universo que era predominante machista vai cedendo às habilidades das mulheres que, além de produzir, sabem administrar a propriedade rural como negócio principal da renda familiar.
Esta matéria foi originalmente publicada no Diário da Amazonia.