São cerca de 3 mil famílias que enfrentam a crueldade do desenvolvimentismos do modelo de cidade patrocinado pelo Banco Mundial, onde as famílias são desapropriadas dos seus modos de vida ribeirinhos para dar lugar ao progresso predador.
Mesmo durante a pandemia as famílias estão sofrendo assédios para sair de suas casas. Assim, o que está ruim ficou pior, pois ficamos abandonadas pelos poderes públicos municipal e estadual, onde a gente teve que fazer solidariedade de classe entre nós mulheres pra que a gente não morresse de fome e nem por um vírus desconhecido que a gente teve que carregar em nossos corpos.
O Rio Parnaíba é o quintal de muitos dos moradores da Boa Esperança, que buscam na pesca seu sustento e alimento | Foto: Caê Vasconcelos/Ponte Jornalismo
É assim, que as famílias da comunidade Boa Esperança, que hoje lutam pelo seu reconhecimento enquanto Quilombo, gritam "Lagoas do Norte Pra quem?", "Cidade Pra Quem?" e "Desenvolvimento Pra Quem?". É pelos laços comunitários que essas famílias lutam para sobreviver diante da pandemia de coronavírus. Muitas famílias adoeceram e não receberam nem testes e nem remédios, tendo que retirar dos parcos bolsos ou fazer colaboração, a chamada "vaquinha", entre os conhecidos, para conseguir o dinheiro e campanhas de solidariedade. As famílias no Quilombo da Boa Esperança resistem em suas ancestralidades afro e indígenas.
Maria Lúcia Oliveira, vice-presidente do Centro de Defesa Ferreira de Sousa e liderança comunitária frente as desapropriações das moradias do Programa Lagoas do Norte em Teresina.