Resource information
Nos últimos anos intensificou-se o debate em torno das relações entre camponeses e a ditadura empresarial militar que se instalou no Brasil em 1964 e descortinaram-se várias questões novas bem como caminhos e fontes de pesquisa sobre o tema. Com efeito, a criação da Comissão Nacional da Verdade (CNV) em 2012 e, na esteira dela, de uma Comissão Camponesa da Verdade (CCV), estimulou debates e pesquisas em torno dos efeitos das políticas da ditadura sobre os trabalhadores do campo, fossem eles assalariados, posseiros, proprietários, parceleiros, arrendatários, parceiros e a infinidade de categorias que nomeiam os grupos que se reproduzem material e culturalmente a partir do trabalho familiar. Algumas comissões da verdade estaduais também se preocuparam com o tema.
Em 2014, ano em que o golpe de 1964 completava 50 anos, ocorreram vários eventos em diversas universidades brasileiras e instituições de pesquisa, regra geral, remetendo a uma “(des)comemoração do golpe”, termo usado em grande parte dos cartazes e chamados de divulgação. Foi um período em que muito se discutiu sobre os 21 anos de ditadura, seus desdobramentos e reflexos no Brasil contemporâneo. Interpretações foram atualizadas e novos ângulos e temas de análise ganharam visibilidade, também contribuindo para potencializar e tornar mais visível a discussão sobre a relação entre o período ditatorial e os conflitos no campo.