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O arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau, ocupa um lugar preponderante entre os grandes
monumentos naturais do litoral oeste africano. Com cerca de 80 ilhas e ilhéus dispersos sobre
aproximadamente 10.000 km², constitui um espaço natural e cultural particular ainda bem
preservado, não obstante a crescente pressão externa e as novas lógicas de desenvolvimento
socioeconómico. Este equilíbrio é mantido graças a uma forte integração de valores culturais
e naturais, mantida graças à noção do sagrado ainda fortemente presente no seio das sociedades
bijagós, proprietária tradicional do espaço.
Através de uma proposta do Governo Guineense, ao cabo de cinco anos de estudos e pesquisas,
o arquipélago foi classificado como reserva da biosfera pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a 16 de abril de 1996. O arquipélago
dos Bijagós passou, assim, a gozar de um estatuto e interesse internacional, integrando a
rede das áreas dos patrimónios naturais internacionais, contribuindo, no quadro das políticas
ambientais internacionais, para a preservação da biodiversidade mundial.
A enorme riqueza dos espaços naturais do arquipélago ainda preservado até aos nossos dias
só foi possível graças à noção particular do sagrado e do seu aproveitamento para regular a
ação predatória do Homem e regular o comportamento individual e as relações que se estabelecem
na sociedade. Este legado natural traduz-se num conjunto de espaços naturais considerados
sagrados, nomeadamente ilhas, matos, árvores, praias, rios, portos e locais mais
ou menos isolados, denominados de ponta di fanado. O conceito do sagrado é estendido
ao espaço construído e habitacional, a tabanka, onde as casas que identificam a linhagem
geracional e que albergam os espíritos da tabanka – presentes nas balobas, mas não só – são
elementos sagrados importantes.