Charles Schinner Governo de Timor-Leste deve apostar na agricultura, água, saúde e educação | Land Portal

O Governo de Timor-Leste deveria abandonar o atual plano estratégico que prevê a construção de grandes projetos de infraestrutura, como aeroportos internacionais, e apostar em água, agricultura, educação e Saúde, considerou o investigador australiano Charles Schinner na segunda-feira.

O especialista australiano, da organização não-governamental timorense La'o Hamutuk, falava na Assembleia da República portuguesa, em Lisboa, num debate que assinala os 25 anos da Plataforma Internacional de Juristas por Timor-Leste.

 

Em declarações à agência Lusa, Schinner disse que a raiz do problema económico de Timor-Leste reside no facto de as reservas de petróleo do país estarem perto do fim.

 

"Timor-Leste está muito perto do fim da sua atual era do petróleo. Já recebeu 98% do dinheiro a receber pelos campos petrolíferos que estão em produção", disse o especialista, acrescentando que o governo timorense "fez bem" em "poupar a maior parte desse dinheiro".

 

"Dois terços desse dinheiro está de parte e isso é bom. Mas têm de usar esse dinheiro para se prepararem para uma economia que não inclua reservas de petróleo: educação da população, montar sistemas básicos de abastecimento de água, um sistema nacional de saúde básico", sublinhou.

 

No entanto, recordou Charles Schinner, o governo timorense está a fazer tudo ao contrário: "Estão a construir três aeroportos internacionais porque têm a visão de que os turistas e as empresas petrolíferas vão começar a voar para Timor-Leste. Não é isso que o povo precisa, a grande maioria dos timorenses nunca vai viajar de avião nas suas vidas".

 

Mais de 60% da população timorense, salientou Schinner, "vive da agricultura, na sua maioria não muito produtiva".

 

"A maior parte é agricultura de subsistência, apenas para alimentar a família, e isso pode ser melhorado, a produtividade pode ser aumentada. Criando um mercado local para os produtos agrícolas e aumentar algumas exportações", realçou.

 

O investigador lembrou que Timor-Leste importa bens no valor de 500 milhões de dólares (447 milhões de euros) por ano e exportam apenas 20 milhões, mais de 90% dos quais em café.

 

"A exportação de café pode ser aumentada, mas a forma de corrigir o défice comercial é trabalhar no número grande e não no pequeno, ou seja reduzir as importações. E muitas coisas das coisas importadas poderiam ser produzidas localmente", disse.

 

No entanto, ressalvou, o governo timorense está a construir um novo porto para navios-contentores, para processar de forma mais eficiente as importações.

 

"Isso torna mais difícil o desenvolvimento dos fabricantes locais, que não podem competir com as coisas baratas que chegam dos mais industrializados China e Indonésia", referiu.

 

Charles Schinner usou uma garrafa de água para dar um exemplo sobre as prioridades do governo timorense, que considera erradas.

 

"Em cada evento timorense há garrafas de água como esta nas mesas, mas não são feitas em Portugal - como esta é - são feitas na Indonésia. Se estamos dependentes da importação de água potável, porque não podemos dedicar algum tempo a desenvolver um sistema de processamento de água limpa para a população? E se só as pessoas com dinheiro podem pagar por uma garrafa de água, então isto é uma loucura", concluiu.

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