Data
7 a 10 de junho de 2016
Local
Beira - Centro de Espiritualidade Nazareth
Enquadramento
Este encontro surge no seguimento da Conferência que aconteceu em Nairobi em Novembro de 2015 (Land grabb and Just Governance in Africa), promovida pela SECAM, AFJN, AEFJN e CIDSE.
A apropriação de terras tornou-se um cancro[1] que se atravessa no caminho do verdadeiro desenvolvimento em África. Ela vem embrulhada em vários falsos programas de desenvolvimento, que estão orientados na prática para a pilhagem dos nossos recursos. Reconhecemos que este problema faz parte do sistema económico global injusto que nos empobreceu seriamente, ao criar: despejos e migrações forçadas, como as que levam os nossos irmãos e irmãs à morte no Mar Mediterrâneo, no esforço de procurar uma nova vida; conflitos nas comunidades que não existiam no passado e outros problemas sociais. Também reconhecemos que as nossas elites políticas e alguns dos nossos líderes são cúmplices e beneficiários deste mal, dando à Europa, à América do Norte, à Ásia e até mesmo à América do Sul a oportunidade de nos colonizar pela segunda vez.
Motivados pelos nossos valores cristãos, pela Doutrina Social da Igreja, e pelo valor religioso e social africano do ubuntu, comprometemo-nos resolutamente a assumir o nosso futuro nas nossas mãos. Os nossos antepassados confiaram-nos esta terra para o nosso próprio uso e para o uso das gerações futuras, e é aqui que eles repousam.
Como consequência da Conferencia de Nairobi, os representantes de países lusófonos presentes decidiram promover um encontro de partilha com a restante lusofonia, para dar seguimento aos compromissos assumidos, nomeadamente:
- Preparar um plano de ação para a educação das comunidades cristãs locais sobre a apropriação de terras, que crie uma consciência sobre as mentiras que estão por trás da pilhagem das terras e da economia de mercado.
- Capacitar as comunidades locais para se defenderem sem violência e sem cederem ao desespero.
- Preparar um plano de ação para educar as comunidades locais sobre o uso sustentável da terra e a preservação da integridade do nosso ecossistema.
- Promover e encorajar movimentos de massa de não-violência criativa para proteger o nosso valor cultural africano da propriedade comunal da terra; apoiar o acesso das mulheres e dos jovens à terra e apoiar a restauração das terras já usurpadas.
- Identificar os atores que se escondem por trás das empresas, dialogar com eles com vista à mudança/conversão e levar a cabo ações não-violentas criativas, sempre que necessário.
- Expor a corrupção endémica do nosso sistema económico, que nos mantém na pobreza e torna o nosso povo uma presa fácil para os usurpadores de terras.
[1] SECAM: Governance, Common Good an Democratic Transitions in Africa No 29.