No país de mudos e surdos em que São Tomé e Príncipe, está a ser transformado, o eco do protesto de Elsa Garrido e da Associação Pro-Ambiente – STP, contra a introdução no território nacional de milho importado da China sem as devidas análises laboratoriais e o estudo de impacto ambiental, não chegou as regiões mais isoladas do país.
Regiões por sinal dominadas por agricultores, que mais tarde poderão vir a introduzir o milho dito híbrido nas suas parcelas de terra. O eco do protesto não chegou a todo o território nacional, porque os órgãos de comunicação social do Governo, nomeadamente a TVS e a Rádio Nacional, nunca deram qualquer cobertura ao protesto do movimento cívico.
Elsa Garrido, empreendeu durante 19 dias, uma greve de fome diante da embaixada de São Tomé e Príncipe em Portugal. Um protesto de fome contra a sementeira na sua terra natal de uma espécie de milho, que não tem nada a ver com a espécie original do milho semeado nas ilhas, e que no passado gerou centenas de toneladas, que abastecia o mercado nacional e produzia ração.
Porque não é a primeira vez nos últimos 40 anos, que São Tomé e Príncipe, aposta no aumento da produção do milho para produzir ração animal. Na década de 80 do século passado, os são-tomenses, viram a região de Pinheira transformada num celeiro de milho, que alimentava as populações e produzia ração.
O mesmo acontecia nas regiões agrícolas de Amparro II, Canavial, o terreno hoje transformado em bairro residencial (Campo de Milho), nos arredores da capital. Aliás o bairro tem este nome, porque na década de 80 até o início dos anos 90, era mesmo um enorme celeiro de milho em São Tomé. Milho de origem nacional.
Hoje a zona de Mesquita, está a receber uma espécie de milho que a imprensa internacional definiu como sendo transgénico. Apesar de ainda não existir resultado do exame laboratorial do Centro de Investigação Agronómica e Tecnológica de São Tomé e Príncipe, sobre a variedade do milho importado da China, o Governo baptizou-o como sendo híbrido.
Surdo e mudo São Tomé e Príncipe, assiste o crescimento do milho que para desenvolver e produzir tem-se que aplicar insecticida. Nem o Presidente da República Evaristo Carvalho, que visitou Portugal durante 7 dias, ouviu as lamentações de Elsa Garrido.
Mas, o protesto de fome que a cidadã empreendeu durante 19 dias, despertou a comunidade internacional. Várias Organizações Internacionais, intelectuais, e críticos do espaço europeu e africano, solidarizaram-se com o protesto.
Mudo e surdo, São Tomé e Príncipe, vagueia sem norte no seu «Kuá ê dá, ê dá» «o que der e vier».